Trágicas

Sinopse

Medeia foi traída pelo marido e vingou-se assassinando os próprios filhos. Electra tramou a morte da mãe para vingar a memória do pai. Antígona desafiou o poder vigente para enterrar o irmão e foi condenada à morte. As três personagens gregas, revividas no palco por uma única atriz (Gisela de Castro), estão no centro deste filme ensaio sobre o poder, o feminino e a humanidade. Incorporando depoimentos de mulheres contemporâneas – mães que não puderam enterrar seus filhos, mulheres exiladas, mulheres que foram vítimas de violência doméstica ou violência do Estado – “Trágicas” propõe uma ressignificação da tragédia nos dias de hoje. O projeto é fruto de longa inquietação e contínua pesquisa artística da diretora Aída Marques sobre os limites, se é que existem, entre a narrativa do palco e do cinema. Há um desejo político de entrelaçar as linguagens teatral e cinematográfica como ferramentas de empoderamento feminino, em um contexto local e global tão conservador e intolerante.

Incorporando entrevistas com mulheres reais, “Trágicas” percorre um terreno limite entre a ficção e o documentário, possuindo interfaces com os dois registros. Os relatos pessoais são o vínculo emocional das questões presentes nas tragédias gregas com a realidade da mulher no Brasil e no mundo, apagando as fronteiras entre o que é encenação e o que é a vida em si. Os relatos são matéria-prima fundamental para jogar luz sobre personagens à margem da cena, quebrar o silêncio sobre temas relegados ao esquecimento na nossa sociedade e trazer para o contemporâneo as reflexões que nasceram junto com o teatro e com a própria ideia de civilização.

Prêmios e Exibições:
Festival Tiradentes 2019